segunda-feira, 26 de abril de 2010

Cirinha, a mão estendida...aquela que cumpriu sua missão


Acredito que todos nós temos uma missão a cumprir enquanto vivermos nessa terra. Uns vivem essa missão. Outros se escondem da responsabilidade. No relance de hoje, quero falar de uma “pessoinha grande”, se é que existe esse termo, que aniversariou no último dia 17, minha irmã mais velha, Jacira, a quem carinhosamente chamamos de Cira.
Em toda família sempre tem irmãos que se destacam mais que outros. Na casa dos meus pais, ela foi a estrela que com a bênção de Deus iluminou as nossas vidas.
Ela foi uma jovem que viveu à frente do seu tempo. Ainda muito nova saiu de Sumé – cidade onde nasceu – e foi estudar e trabalhar em Campina Grande. Prestou vestibular para Ciências Contábeis. Passou e se formou. Em paralelo fez concurso para o Banco do Estado da Paraíba. Foi aprovada (trabalhou até o dia em que o banco fechou as portas ). E a partir desse acontecimento as coisas foram se organizando.
Isso se passou nos ídos de 1978, mas lembro como se fosse hoje o dia que ela comprou seu primeiro carro ( brasília amarela ) e veio dirigindo em estradas de barro de Campina até Sumé. Ah foi uma festa pra gente, os irmãos menores. E a bagagem que ela trouxe ? tantos calçados, roupas e objetos pra gente ! quanto orgulho nós sentíamos dela !
Nesta homenagem que presto hoje, quero lembrar que abaixo de Deus, tudo que sou e que tenho hoje eu devo uns 60% a ela. Meu primeiro emprego. Segundo emprego. Minha faculdade. Meu sustento durante tantos anos foi mantido por ela.
A mesma coisa fez por outros dois irmãos. Lutou para os colocar na universidade. Ajudou no que foi possível. Hoje, os dois exercem, com bravura, suas profissões de odontólogo e jornalista em Campina Grande, graças ao esforço sem medida que ela desprendeu.
Sem esquecer que os maiores nomes de destaque da sociedade paraibana, nascidos em Sumé, foram alfabetizados por ela. Apoiados por ela e por isso a amam tanto.
Minha irmã é assim como uma árvore frondosa e frutífera, cujos galhos nos abriga e nos aconchega. Foi uma heroína nos anos 70. Continuou sua trajetória de vencedora nas outras décadas e hoje continua sendo patrimônio humano vivo de toda família. Uma baluarte do clã Brito e Gomes.
A ela minha gratidão, meu amor e minhas preces de saúde, paz e muito Deus em sua vida.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Quem Não Tiver Pecado Atire a Primeira Pedra

No feriadão da páscoa aportei em Campina Grande, onde mora minha mãe. No dia seguinte fiz um tur pelo carirí velho sofrido pela seca, onde há anos não visitava. Passei por Boa Vista, São João do Carirí e Serra Branca. Fiquei triste com o que vi. Cidades estagnadas, que cresceram pouco e se desenvolveram quase nada.
Finalmente cheguei ao destino desejado – Sumé. Terra onde nasci e passei minha adolescência. Ávida para rever os amigos de infância e as pessoas que fizeram parte da minha vida, mal descarreguei a bagagem e convidei a família para andarmos. lá fomos nós. Rua acima e rua abaixo. Entra à esquerda. Pega à direita. Vamos por alí. Não, vamos por aqui. Alí mora fulano. Ah e beltrano será se ainda mora alí ?? Nessa brincadeirinha gastamos meio tanque de gasolina só dentro da cidade. Foram dois dias circulando. Mas valeu a pena demais. Vi pessoas que de tanto tempo sem ver, nem o nome eu lembrava mais. Ainda bem que minha prima Nena me ajudou nessa tarefa.
Resumindo: andei muito, visitei muito, conversei muito, fotografei muito, filmei muito, me emocionei muito ao voltar aos locais onde brinquei quando criança. Mas teve uma coisa que me marcou nessa viagem e eu quero compartilhar com vocês.
No sábado de aleluia, minha prima Nena, me convidou para irmos à cadeia pública visitar os presos e levar um lanche para eles. Fomos. Levamos salgados, torta e refrigerante. Ao chegarmos na cadeia, faltava 30 minutos para acabar o horário do banho de sol deles. Nós só tínhamos exatos 30 minutos para fazermos tudo que nos propomos. Então, mãos à obra. Apenados no pátio e nós do outro lado da grade. Minha prima Nena por ser uma assistente social atuante na cidade e muito conhecida de todos foi quem iniciou o processo da visita. Os chamou. Todos vieram até onde estávamos e ficaram bastante surpresos com o que viam, afinal que nunca teve a idéia de num sábado de aleluia visitar “persona non gratas”. Ela falou algumas palavras de conforto e depois oramos o PAI NOSSO. Em seguida, a palavra me foi facultada e também lhes falei aquilo que senti, por parte de Deus, inspirada. Disse-lhes que a sociedade não os considera. Nem lembra que eles existem. Mas existe um, lá em cima, que tudo vê e que tem interesse em restaurar e resgatar as suas vidas. Talvez algum leitor me condene por essa visão humanitária. Eu sei que não são inocentes, que não são anjinhos, que danificaram alguém ou alguma coisa, mas ... afinal, quem não tem pecados, que atire a primeira pedra. Senti uma certa angústia no olhar de cada um enquanto falava e senti também o peso do arrependimento.
Me doía o coração ver tantos jovens alí, presos por causa de cinco minutos de loucura que tiveram. Perguntei a cada um, qual o seu crime. Em silêncio, me revoltei com alguns motivos. Eles não precisavam ter feito aquilo. Nenhum motivo será importante o suficiente para justificar um crime. Onde que a droga é mais importante que a liberdade de viver ? onde que a morte é mais importante que a vida ? onde a fartura do produto do roubo ou furto é mais importante do que o pouco que se tem em casa ?
Nosso tempo tava acabando e servimos o lanche. Coitados ! acostumados a comer a “gororobazinha básica”, de repente degustando do bom e melhor ! comiam e se sujavam feito crianças ! No final de tudo, como forma de expressar gratidão, bateram palmas e nos agradeceram pelo gesto.
Confesso a vocês que nesse resto de dia, por algum motivo que eu não sei, senti minha alma leve, leve.