segunda-feira, 23 de maio de 2011

Criança Perdida


O período carnavalesco, me remete a um relance de vida que me marcou profundamente. Todos os anos as mesmas cenas se repetem. Verão, férias, carnaval, praias lotadas. Muitos turistas, inclusive de outros países. Muitos paraibinhas gente boa, que vem do interior com amigos e família – os famosos farofeiros - que as vezes, se deleitam com o passeio, enchem a cara e esquecem os filhos dentro de uma poça dágua qualquer.
Há exatos 15 anos atrás, eu trabalhava na Rádio Correio da Paraíba e em pleno período de carnaval fui incumbida de ancorar um programa. Trabalhei os três dias de momo, fazendo link com outras emissoras da Paraíba e de outros Estados. No terceiro dia, quando eu estava chegando ao prédio na avenida Pedro II, por volta das 12:30h, ao passar pela portaria, “seu Silas” estava atendendo um casal em desespero. A mãe chorava mais que falava. Finalmente eu consegui entender que a filha de 4 anos havia sumido da praia. Anotei a cor da roupa da menina, do biquine que ela usava, seus traços, etc etc. Dei minha palavra que iria divulgar na rádio. Eles me disseram que moravam em Campina Grande e que estariam aguardando alguma notícia em frente a uma loja de roupas situada à Rua B.Rohan, em João Pessoa.
Me desloquei ao estúdio, muito abalada com aquela cena, afinal eu sou mãe e me coloquei no lugar dela. E, atentem no detalhe: eu estava com quase 8 meses de gestação. Aí já dá pra imaginar o clima não é ? fiz meu trabalho, tentando passar alegria pros ouvintes, afinal, são ossos do nosso sofrido ofício. Lá pras cinco horas da tarde, já cansada de estar o tempo todo sentada, resolvi dar uma esticada nas pernas e respirar um pouco de ar puro ( ar puro porque em pleno carnaval às 5 da tarde, não se vê um carro sequer soltando seu dióxido de carbono - CO2- no centro ). Pois bem, saí do estúdio e fiquei na entrada do prédio, ali onde tem aquele jardim. Como todos sabem, ali bem em frente ao SCC tem um semáforo. Quando fui chegando, o sinal estava fechado e tinha um carro parado com um casal e uma criança. O motorista, um gringo, falando o português com muita dificuldade, me perguntou se eu sabia onde tinha uma TV ou rádio. Nisso eu desci até a calçada e ao me aproximar deles, vi a menina que tinha as mesmas descrições, com a mesma roupa. Só podia ser ela. Daí, fomos nos esforçando pra entender um ao outro e quando a menina disse o nome. Foi tiro e queda.
Deixei a rádio tocando frevos e saí com o barrigão de 8 meses, pra devolver a menina aos pais. Naquela época, o celular tava chegando e só os “ricos” compravam. O fato é que eu não tinha como me comunicar com os pais da menina e dá a notícia. Num rompante de muita coragem – coisa de mãe – entrei no carro dos gringos, e lá fomos nós, rumo à B. Hohan.
Lembro como se fosse hoje. Quando chegamos no local onde a família da menina esperava, ao ver a garota, seus pais e amigos se jogaram em cima do carro, batiam, gritavam, foi uma manifestação digna de uma cena de novela.
Depois de muito choro e muitos abraços, na filha, chegou a minha vez. Me espremeram tanto que eu “vi a hora” ter menino ali mesmo. Mas tudo perfeitamente compreensível. Fomos embora com a promessa de que a mãe nunca mais discuidaria da filha.
Passaram-se uns 10 anos e resolvi fazer uma surpresa a mãe da menina. Ela havia me dito onde trabalhava. E numa das idas à Campina Grande, me dirigi ao caixa onde a mãe da menina estava. Quando me identifiquei, voltou tudo na cabeça da mãe e mais uma vez, lá vem a emoção. O pior poderia ter acontecido, com a criança, mas decidiu Deus, guardá-la. Então é isso. Vez em quando eu lembro dessa providência divina.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Tragédia, é possível ter ânimo no meio dela ?


Nos últimos dias estamos como todos estarrecidos,tristes,com os acontecimentos que se abateram sobre algumas cidades brasileiras, tendo com causas as fortes e destruidoras chuvas, que empurravam morro abaixo muita lama,carregando árvores,pedras,casas,carros,moveis e famílias. Em alguns lugares pouca coisa ou quase nada ficou de pé,destruição total.Como reagir, erguer a cabeça em meio a tanto caos? Em meio a uma destruição sem precedentes.como ter ânimo em um momento como este? A resposta parece estar longe, ou de repente não sabemos qual é de fato a resposta.Como dizer pra alguém tenha ânimo, quando tudo parece perdido, quando a própria vida não parece fazer mais sentido. Tudo que sonhamos desabou, tudo que construimos desmoronou, e de repente nos vemos sem absolutamente nada daquilo que fazia parte de nossos sonhos, era a nossa própria existência se esfacelando.como reagir? Como ter ânimo? Ao olhar e perceber tudo isso, me chegou a memória o profeta Habacuque: ele vivia como todo ser humano um drama, ele não podia conciliar sua fé num Deus justo e bom com os fatos da vida, da forma como ele via. Ele perturbou-se com os "por que?" mesmo um homem de fé as vezes fica perplexo e confuso em meio as muitas coisas que acontecem ao seu redor. Ele vislumbrava uma situação de total destruição quando descreve no capitulo 3 versículo 17".. Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na videira,o produto da oliveira seja uma mentira, e os campos não produzam alimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco e nos currais não haja mais gado,.."imagine, analise esta descrição da oração musicada que o profeta cantava dentro da noite.não havia mais perspectiva de vida, sucesso, sem alimento, gado, plantação,que situação. A perplexidade de Habacuque diante dos problemas era por demais angustiante (Habacuque1:3) que levava ele a queixa-se de Deus em meio a falta de justiça,como Deus ficava em silêncio em meio a tanta tribulação? Habacuque tinha consciência de que os dias eram tenebrosos. Mas ele compreendeu que pode confiar em Deus sem questionar, quando diz:"....os justos viveram pela sua fé.." (Habacuque 1:2).nossa mente humana é finita e não tem capacidade pra entender os desígnios de Deus, pois seus caminhos estão acima dos nossos(Isaías 55:9). Com essa compreensão Habacuque, despertou dentro dele a fé que o levou a ter ânimo em meio a toda a situação que ele vislumbrava e vivia.e disse ele:"...toda via eu me alegro no senhor,exulto no Deus de minha salvação..."(Habacuque 3:18). Esta confiança em Deus animava Habacuque, mesmo diante dos momentos mais difícies que ele por ventura passasse. Ele tinha em Deus uma fortaleza que o levava a tomar a decisão de continuar seguindo de cabeça erguida.."o Senhor Deus é a minha fortaleza, e faz os meus pés como os da corça,e me faz andar altaneiramente."(Habacuque 3:19). O Senhor nos assegura que podemos confiar nele todos os dias, sejam eles quais forem os problemas (salmos 37:5 e 2 timóteo 1:12).portanto agora e só confiar e anima-se,há uma luz pra recomeçar, pra tornar a sonhar, pra ir mais a diante...