quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Vamos Encarnar o Discurso ?






Há cerca de um ano e meio, um grupo de cristãos se revezam numa obra de amor e misericórdia no centro da cracolândia, no varadouro, cidade baixa de João Pessoa, onde se aglomeram os chamados "nóias" . ( esse é o nome dos que usam crack, desprezados até pelos usuários de outros tóxicos).
Fui convidada a conhecer o trabalho efetuado por este grupo e fiquei encantada com o amor e a dedicação que eles empregam. Me acostei ao Projeto Cristolândia e estou dando minha parcela de contribuição. Indo, orando e as vezes contribuindo.
Encontramos uma casa velha sem portas, no centro da cracolândia, onde servia de abrigo para os próprios usuários, descobrimos o dono, alugamos e restauramos. Através de doações, conseguimos equipar a casa com camas, tvs, som, poltronas, enfim, uma casa abrigo, como a chamamos, é o ponto de apoio onde desenvolvemos os trabalhos com crianças, jovens e adultos da comunidade. Além é claro, de toda assistência aos usuários de drogas.
A casa permanece aberta à comunidade de segunda à sexta nos dois turnos com equipes que se revezam. São servidas refeições, banhos, lanches, roupas e calçados, aconselhamento e principalmente orientação espiritual, onde cada pessoa escuta a palavra de Deus e recebe oração. A cada 15 dias à noite é servido um sopão. A cada data comemorativa, o Projeto Cristolândia programa eventos. Por exemplo, dia das mães da comunidade, dia dos pais, dia das crianças e além dessas datas, ainda realizamos dias de intensas atividades sociais, levando para a comunidade profissionais médicos, dentistas, psicólogos, cabeleireiros e educadoras socio-religiosas.
Quem usa crack é conhecido por sujar muito a área, no sentido de criar confusão, roubando a própria família, e os roubos sempre visam dinheiro imediato para comprar a pedra de crack. Desfazem-se de tudo o que têm, dormem fora de casa, não comem. Deixam de se cuidar, ficam sujos e, muitas vezes, se enfiam nas lixeiras, em buracos... Por isso, são conhecidos por muitos como “ratos da cidade". Mas, Pelas ruas da cracolândia onde muitos temem passar, andamos tranquilos e somos respeitados.
O Projeto Cristolândia não tem nenhum vínculo político e se mantém através da Igreja Missionária Evangélica Betel Brasileiro, na pessoa do Pastor Sobrinho e de doações voluntárias. O amor a essas vidas destruídas é a base da nossa motivação. Não pedimos dinheiro a nenhuma instituição, porém aceitamos doações de roupas, calçados e objetos para atender as necessidades da própria comunidade.
Efeitos do crack
Em menos de 15 segundos, a droga causa uma potente sensação de euforia, bem-estar e força física. Em menos de 15 minutos, ela termina. Logo vem uma depressão intensa. É como ligar e desligar de uma vez todas as luzes de um arranha-céu. Como os efeitos são tão imediatos, o organismo associa mais facilmente causa e efeito. Nas palavras dos usuários, eles ficam dominados pela pedra. "Não é como outras drogas, que eles compram para usar depois. A 'fissura' (desejo intenso de consumir a droga) é tanta, que usam na hora em que compram.
Tratamento possível
A cada uso, os vasos sangüíneos se contraem, a pressão sobe, o coração dispara, a respiração acelera, os neurônios se estimulam. Pode haver convulsão, infarto, derrame ou má oxigenação. De qualquer forma, coração, cérebro e pulmão ficam debilitados. Sem se cuidar ou comer, o usuário fica ainda mais vulnerável.
Vítima punida
O crack não pode ser encarado apenas como uma questão médica ou policial, e sim social, "Ele é sinal da vergonhosa e total falência das políticas públicas, em nível nacional, que expõem a criança à rua, não dão outras alternativas e, ao mesmo tempo, não impedem a chegada da pedra. Os órgãos públicos deviam resolver quem assumi a tarefa do atendimento ao usuário, trabalhar de forma articuladas entre as tres esferas do executivo e as escolas deviam realizar programas preventivos. Na minha humilde opinião, o caminho da mudança é uma ação coletiva e solidária.