quinta-feira, 2 de junho de 2011

Se não for do interior, não leia


Ê coisa boa, foi-se um inverno, mas outro está às portas ( começa dia 21 de junho ). E assim, como no ano passado quando as águas de março estavam fechando o verão, vou lembrar de novo o episódio para quem começou a seguir esse blog recentemente. Se você não for do interior, por favor não leia, porque não vai entender nada. Voltava pra casa final de tarde e ao entrar na “minha rua” eu avistei um grupo de crianças e adolescentes fazendo a farra da tanajura. Quem nasceu no interior sabe exatamente do que estou falando. Quando o inverno está se aproximando, o primeiro sinal é a “enxurrada” de tanajuras. Até hoje não sei pra que elas servem. Tem gente que as come por apreciar o sabor, outros acreditam que ela cura problemas na garganta. Não entendo o prazer das crianças de ver a queda das tanajuras. Mas uma coisa eu concordo, é uma farra totalmente saudável, sem violência, nem prejuízos. Ao contrário da farra do boi e outras tantas farras onde pessoas adultas, de uma forma incompreensível e absurda, derrubam animal, machucam e são machucados, coisa de louco.

No meio daquela meninada eu avistei meu filho caçula de 13 anos ( vocês pais já notaram que os filhos caçulas são sempre criança pra gente ? ) e ele estava eufórico. Acredito que foi sua primeira farra da tanajura. Sempre tive a mania de contar episódios da minha infância e adolescência pros meus filhos. Eles amam ouvir. E certa vez eu falei da derrubada de tanajura que eu participei lá em Sumé. Isso foi o suficiente para que meu filho ao meu ver chegando em casa , me pedisse insistentemente que eu fosse também tentar derrubar os insetos que voavam tirando um fino na cabeça da meninada. Para não desapontá-lo, cansada como me encontrava, disse-lhe que correr eu não iria, mas poderia ficar dando um “apoio”. Pode ser que algum leitor ache uma besteira, mas pude dar-me ao luxo de colocar uma cadeira na calçada e ficar assistindo aquela cena tão simplória para mim, mas de um grande valor para aquelas eufóricas, felizes e barulhentas crianças que vibravam à queda dos formigões.

O meu filho “caçador de tanajuras”, as derrubava e deixava no chão. Ele ía no embalo das outras crianças, por pura brincadeira. Por um momento eu me questionei: “será se outros bairros tem essa mesma “peculiaridade” ? Será se estou mesmo no bairro de uma capital ? pois era uma paisagem purinha do interior, como diria nosso querido Poeta Jessier Quirino.
Não sei se nesses bairros de muitos arranha-céus, as crianças têm a oportunidade de vivenciar esta sazonalidade que tem a cara de interior. Mas creio que eles iriam se divertir muito correndo atrás dos formigões