No feriadão da páscoa aportei em Campina Grande, onde mora minha mãe. No dia seguinte fiz um tur pelo carirí velho sofrido pela seca, onde há anos não visitava. Passei por Boa Vista, São João do Carirí e Serra Branca. Fiquei triste com o que vi. Cidades estagnadas, que cresceram pouco e se desenvolveram quase nada.
Finalmente cheguei ao destino desejado – Sumé. Terra onde nasci e passei minha adolescência. Ávida para rever os amigos de infância e as pessoas que fizeram parte da minha vida, mal descarreguei a bagagem e convidei a família para andarmos. lá fomos nós. Rua acima e rua abaixo. Entra à esquerda. Pega à direita. Vamos por alí. Não, vamos por aqui. Alí mora fulano. Ah e beltrano será se ainda mora alí ?? Nessa brincadeirinha gastamos meio tanque de gasolina só dentro da cidade. Foram dois dias circulando. Mas valeu a pena demais. Vi pessoas que de tanto tempo sem ver, nem o nome eu lembrava mais. Ainda bem que minha prima Nena me ajudou nessa tarefa.
Resumindo: andei muito, visitei muito, conversei muito, fotografei muito, filmei muito, me emocionei muito ao voltar aos locais onde brinquei quando criança. Mas teve uma coisa que me marcou nessa viagem e eu quero compartilhar com vocês.
No sábado de aleluia, minha prima Nena, me convidou para irmos à cadeia pública visitar os presos e levar um lanche para eles. Fomos. Levamos salgados, torta e refrigerante. Ao chegarmos na cadeia, faltava 30 minutos para acabar o horário do banho de sol deles. Nós só tínhamos exatos 30 minutos para fazermos tudo que nos propomos. Então, mãos à obra. Apenados no pátio e nós do outro lado da grade. Minha prima Nena por ser uma assistente social atuante na cidade e muito conhecida de todos foi quem iniciou o processo da visita. Os chamou. Todos vieram até onde estávamos e ficaram bastante surpresos com o que viam, afinal que nunca teve a idéia de num sábado de aleluia visitar “persona non gratas”. Ela falou algumas palavras de conforto e depois oramos o PAI NOSSO. Em seguida, a palavra me foi facultada e também lhes falei aquilo que senti, por parte de Deus, inspirada. Disse-lhes que a sociedade não os considera. Nem lembra que eles existem. Mas existe um, lá em cima, que tudo vê e que tem interesse em restaurar e resgatar as suas vidas. Talvez algum leitor me condene por essa visão humanitária. Eu sei que não são inocentes, que não são anjinhos, que danificaram alguém ou alguma coisa, mas ... afinal, quem não tem pecados, que atire a primeira pedra. Senti uma certa angústia no olhar de cada um enquanto falava e senti também o peso do arrependimento.
Me doía o coração ver tantos jovens alí, presos por causa de cinco minutos de loucura que tiveram. Perguntei a cada um, qual o seu crime. Em silêncio, me revoltei com alguns motivos. Eles não precisavam ter feito aquilo. Nenhum motivo será importante o suficiente para justificar um crime. Onde que a droga é mais importante que a liberdade de viver ? onde que a morte é mais importante que a vida ? onde a fartura do produto do roubo ou furto é mais importante do que o pouco que se tem em casa ?
Nosso tempo tava acabando e servimos o lanche. Coitados ! acostumados a comer a “gororobazinha básica”, de repente degustando do bom e melhor ! comiam e se sujavam feito crianças ! No final de tudo, como forma de expressar gratidão, bateram palmas e nos agradeceram pelo gesto.
Confesso a vocês que nesse resto de dia, por algum motivo que eu não sei, senti minha alma leve, leve.
quinta-feira, 8 de abril de 2010
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Um comentário:
Josy Brito, eu quase passava despercebido e deixava de ler tão brilhante experiência. São através de pequenas ações como esta, que podemos levar o amor de Deus para as pessoas.E nossos atos valerão mais que mil palavras, pois nossas vidas, nossos atos, é a Bíblia que o mundo estar lendo.
Parabéns, que Deus continue te usando e tudo seja para a Glória do Nome Dele.
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