sábado, 23 de janeiro de 2010

Quando a Fome Fala mais Alto


Há cerca de 15 dias, por voltas das 14:30, quando eu me dirigia pelo Parque Solon de Lucena, anel interno, a fim de pegar um ônibus e sair correndo pra resolver uma pendência, minha barriga aos berros, me fez lembrar que eu não tinha almoçado ainda. Então eu resolvi fazer um lanche rápido, num daqueles quiosques da Lagoa.

Sentei e pedi uma batata recheada com um refrigerante. Enquanto aguardava numa mesa um tanto reservada, tirei o óculos escuro e fiquei observando as pessoas que passavam pra lá e pra cá. Do meu lado esquerdo, numa mesa, próximo à passarela, saboreando um lanche, estavam uma senhora de cabelos mais ou menos brancos e uma jovem que devia ser sua neta.

Um rapaz aparentando uns vinte anos, com cara de gente boa, com olhar de quem tava falando a verdade, se aproximou dessa senhora de cabelos brancos e pediu-lhe com muita educação que ela lhe pagasse um lanche. Atentem no detalhe. Ele pediu comida. Não foi dinheiro. Essa senhora, que até pela idade já deve ter tido várias oportunidades de conhecimento e de experiência de vida, destratou o rapaz, o enxotou como nem a um cão sarnento se deve fazer. O rapaz prontamente, sem dar uma palavra, deu meia volta volver e sentou no chão. Aquilo me doeu lá no fundo. A mente da minha alma fez uma leitura rápida de quão agressiva foi aquela resposta no coração daquele esfomeado. Involuntariamente, senti lágrimas descerem no meu rosto e coloquei o óculos. Quando levantei para oferecer-lhe um lanche, a fome era tanta na barriga daquele rapaz, bem maior que sua dignidade, que ele já havia esquecido o coice que havia levado há poucos instantes e pedido a outra senhora que acabara de aportar no mesmo quiosque.

Esta segunda senhora, foi humana, foi gente. Foi aquilo que o mundo clama: humanidade. Sentou-se numa mesa e mandou trazer um sanduíche com refrigerante para o mesmo. Fiquei observando-o. O sanduíche só deu pra dar duas “bocadas”. Eu chamei o garçom e pedi que perguntasse se ele queria mais comida. Ele, é claro, disse que sim. Pedi que preparassem algo mais para o jovem.

Ao levantar ir embora, passei pelo jovem, coloquei a mão no seu ombro e disse-lhe “ eu vi a forma como você foi tratado, esqueça isso, você pode não ser importante para as pessoas, mas para Deus você é”.

Ele me agradeceu várias vezes pela segunda remessa do lanche e ainda desejou que Deus me abençoasse.

Não sei o nome dele, nem nunca mais o vi. Também não sei que nome dá ao sentimento que senti.

Janeiro de 2010

Um comentário:

Itamar Brandão disse...

É infelizmente o mundo está cheio de pessoas assim que não tem nada, não tem compaixão, piedade, não se colocam no lugar do seu próximo pois não sabem o dia de amanhã, a bíblia diz que o amnhã a Deus pertence e tambem diz faça aos outros aquilo que você queria que fizessem a você mas nem todos somos iguais Deus nos fez muito diferentes agora os sentimentos so temos aquele que queremos...