segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Apenas Uma Jesuscidência

Tem coisas nessa vida que muitos chamam de coincidência, mas eu prefiro chamar de Jesuscidência. Traduzindo: “coincidência promovida por Jesus”.
Não lembro o mês que isso aconteceu, mas foi no ano passado. Trabalhava na época numa determinada instituição e costumava sair todos os dias ao meio dia. Neste dia, fiquei conversando com alguns colegas e quando dei por mim já era quase duas da tarde. A fome já dava “sinal de vida”. Me apressei para ir embora e ao me despedir, uma das pessoas que estavam comigo, uma colega jornalista, muito querida e respeitada no Estado, ( não vou citar seu nome por motivo superior ) recebeu uma ligação no celular com um pedido de socorro.
Uma jovem ligava dizendo que seu pai – que é muito amigo da jornalista - teria tentado suicídio ingerindo vários medicamentos e que estaria trancado no seu apartamento.
Nesse momento, a colega me “intimou” a ir com ela salvar aquela vida. Como cristã, jamais poderia me negar a prestar tal serviço. Não tínhamos o endereço do homem. Mas mesmo assim, enquanto ela dirigia eu pelo celular fui fazendo contato com pessoas da família e finalmente descobrimos o bairro. Tocamos para o Altiplano. E quem disse que a gente conseguia encontrar a rua? Mais um contato feito às pressas com dificuldade conseguimos chegar ao prédio.
Subimos na carreira e ao chegar no apartamento, batemos, chamamos e nada. Tive a idéia de arrombar a porta. Era o único jeito.
Paremos um pouco aqui para eu contar um grande detalhe dessa história. Quando estávamos procurando a rua, eu avistei um senhor sentado no meio fio, debaixo de um sol escaldante, achei aquilo um absurdo e até pensei em pedir a minha colega que parasse um pouco alí para saber por que aquele homem estava “se cozinhando” naquela calçada. Eu pensei, deve ser mais um pedinte que resolveu descansar as pernas. Mas debaixo daquele sol ? Bom, me senti angustiada por não ter ido falar com aquele senhor, mas a urgência do suicida me fez o esquecer rapidamente.
Voltando a história. Enquanto pensávamos rapidamente em como abrir aquela porta, chegou o filho da empregada dele e disse que sua mãe tinha a chave do aptº e era bem perto dali. Corremos pro carro e lá fomos nós. Ao entrar na rua da dita cuja, avistei o homem de novo, desta vez, mais no meio fio, mas sentado no meio da rua. Aí eu não hesitei. Gritei “pare o carro”! quando aproximamos, nossa colega o reconheceu. Era o seu amigo que estava ali. Aquele que eu tinha visto desde o começo.
Nossa luta foi o colocar dentro do carro. A essa altura não dava pra chamar samu, nem bombeiro. A colega foi dirigindo e eu no banco de trás segurando o homem que já não mais sustentava o corpo.
E a cena foi mais ou menos assim: eu gritava “corre que o “home” ta morrendo nos meus braços. o carro deu quase tudo que podia. E eu além de segurar o homem com o braço esquerdo, com o direito eu acenava para os carros pedindo passagem e gritando é uma emergência!
Nesse ínterim, fui tentando mantê-lo acordado e consciente. Ele me disse o que tinha tomado e porque não queria mais viver. E eu ciente da minha impotência, diante do fato, apenas lhe falei palavras que não são minhas, mas de Deus. “Vinde a mim, todos os que estão cansados, sobrecarregados e oprimidos e Eu vos aliviarei”... “Ainda que teu pai, tua mãe, os teus te desprezem, eu jamais te abandonarei”... Fui tentando amenizar a agonia da alma daquele homem, dizendo-lhe palavras de ânimo.
Graças a Deus, chegamos ao hospital. Já não falava mais nada. Foi atendido de imediato. Tinha plano de saúde. Fiquei um tempo lá aguardando até a chegada da família e fui embora. E a fome ? sumiu ! voltei pra casa aliviada por ter sido portadora de uma Jesuscidência.
E o cidadão ? graças a Deus escapou. Não soube mais dele. Mas certamente está bem agora.

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